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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

PEQUENOS DESCUIDOS

PEQUENOS DESCUIDOS

(Eclo 19, 1)

“Quem despreza as coisas pequenas, virá a cair nas grandes”.

São Martiniano, para fugir do perigo de perder a castidade, retirara-se ao meio do mar e vivia sobre um rochedo deserto. Um marinheiro levava-lhe semanalmente algumas provisões e fora disso ninguém pisava naquela ilha.

Houve um dia um naufrágio, no qual pereceram todos os passageiros, menos uma moça, que, agarrada a uma tábua, conseguiu aproximar-se daquele rochedo. Não podendo valer-se a si mesma, pedia que o servo de Deus a salvasse. Martiniano caridosamente a tirou da água, mas logo lhe disse: “Disponha de minhas provisões até que o marinheiro traga outras; e então ele poderá levar a senhora à outra praia; nós dois, porém, é que não podemos ficar juntos aqui”.

E, para não permanecer mais tempo exposto ao perigo, depois de breve oração, lançou-se ao mar e, nadando, afastou-se dali. Deus, porém, para mostrar quanto lhe agradava a pureza de seu fiel servo, enviou dois grandes peixes, que, sobre seus dorsos, o transportaram a outra praia.

São Gabriel da Virgem Dolorosa dizia a seu amigo Filippo Giovannetti:“Amas a tua salvação? Fuja dos maus companheiros. Amas a tua salvação? Fuja dos teatros”.

Quem não foge das ocasiões, mesmo pequenas, não perseverará no caminho da santidade e cairá no pecado.

Ninguém se torna mal de repente. A corrupção do espírito começa como as doenças graves do corpo. Estas são, geralmente, agravo de pequenos incômodos, a que, a princípio, não se dê importância: “A nossa natureza é demasiada fraca; por isso, é mais fácil ressuscitar um morto do que viver nas ocasiões sem pecar” (São Bernardo de Claraval).

Um dia, São Jerônimo desapareceu das alegres reuniões romanas; procuraram-no nas termas, no circo, nos divertimentos... em vão. Por longos anos não se soube mais nada dele, tão alegre e tão inteligente. Porém, uma vez Vigilâncio descobriu-o numa gruta na Palestina, perto de Belém, depauperado pela penitência, de rosto em terra, rezando.

Chamou-o: “Jerônimo! Por que te escondeste como um urso nesta gruta? Que temes?”

O santo ergue-se sobre os joelhos e, olhando-o, disse-lhe: “Vigilâncio; sabes o que temo? Temo tantos perigos entre os quais tu vives, temo as conversas ociosas, as brigas, a avareza sórdida e os olhos da mulher mundana”.

Depois tornou a apoiar a cabeça no solo daquela gruta onde, quatro séculos antes, nascera Jesus, o Salvador.

Vigilâncio insistiu: “Isto é um fugir de covarde e não um vencer de glorioso. O bonito é saber resistir ao mal mesmo vivendo no meio dele!”

São Jerônimo disse-lhe: “Basta, Vigilâncio. Se esta é minha fraqueza, confesso que sou fraco. Prefiro fugir para vencer, a ficar para perder”.

As grandes quedas na vida espiritual são preparadas por pequenas infidelidades em coisas pequenas. Com a repetição delas o espírito começa a enfraquecer, a vontade perde a energia para se dar à prática da virtude, a consciência torna-se menos delicada e menos impressionável à fealdade do pecado, as tentações são repelidas com negligência; - e a queda está preparada, os alicerces da casa estão minados e a ruína está iminente! O primeiro sopro a jogará por terra! “Se de fato não caiu, cairá certamente aquele que por capricho, talvez sem a intenção de pecar, se expuser ao perigo de pecar” (Pe. João Batista Lehmann), e: “Ataca o inimigo enquanto é pequeno; arranca a erva ruim logo que aparece” (São Jerônimo), e também:“Fugir da ocasião é uma necessidade para a salvação. Quem se lança nas chamas queima-se irremediavelmente. Assim também perece todo aquele que se põe na ocasião de pecar” (Pe. Alexandrino Monteiro), e ainda:“Vede, a facilidade com que é levantada uma palha pela brisa mais suave; assim também veremos muitos que antes da queda resistiam, ao menos por algum tempo, e combatiam até contra as tentações, mas agora, contraído o mau hábito, sucumbem a qualquer tentação, em toda ocasião de pecar que se apresente” (São Gregório Magno).

Quando não se guarda a vista, quando se não reprime a fantasia, quando não se refreia a curiosidade, quando não se fecham as portas do coração ao tropel dos afetos mundanos, não pode estar longe uma queda grave! “... o que ama o perigo nele cairá” (Eclo 3, 26).

Não deixe o demônio te enganar: “Quem despreza as coisas pequenas, virá a cair nas grandes” (Eclo 19, 1). Quem assim fala é Deus que melhor conhece o coração do homem e o barro de que o mesmo é feito, e por isso quão pouco é preciso para se quebrar: “Trazemos, porém, este tesouro em vasos de argila” (2 Cor 4, 7).

Assim como ninguém se fez santo de repente, assim ninguém se torna mal num dia.

A santidade alcança-se pouco a pouco, tendo conta com as coisas pequenas. Com o exercício das pequenas virtudes se alcançam as grandes. Com evitar pequenos descuidos se previnem grandes males, e com emendar pequenos defeitos se chega a uma perfeição consumada: “Acaso acreditais que os santos chegaram sem esforço a tal simplicidade, a tal doçura, que os levaram à renúncia de sua própria vontade, sempre que a ocasião se lhes apresentava? Os santos só se tornaram santos depois de muitos sacrifícios e muitas violências” (São João Maria Vianney).

A ruína do espírito vem por não se dar a devida atenção a coisas que julgamos insignificantes: “Que imensa loucura é, portanto, perder a graça de Deus em troca de um pouco de fumo, de um breve deleite!”(Santo Afonso Maria de Ligório).

É preciso cortar o mal pela raiz usando a “espada” da vontade firme e decidida.

O célebre capitão Alexandre Magno (+ 323 a. C.), numa de suas guerras, chegou a Górdio, cidade da Frigia, onde se encontrava, numa torre, o assim chamado nó górdio. O famoso nó era muito complicado e jamais alguém o conseguira desatar. Alexandre, porém, desatou-o sem a mínima dificuldade. De que modo? Com um simples golpe de espada partiu o nó pelo meio.

É assim que devemos fazer para livrar-nos das ocasiões do pecado: cortar imediatamente e sem hesitação os vínculos pecaminosos.

As casas não caem de uma hora para outra. Primeiro começam a aparecer como fendas nas paredes, por onde entra a umidade que vai apodrecer as madeiras. Das paredes passam aos alicerces, e quando o dono menos se perceba, verá a casa se desmoronar.

Se o dono tivesse cuidado em ir todos os dias reparando os estragos causados pelos temporais, não teria de lastimar uma ruína tão completa e inesperada.

Assim sucede em nosso espírito. Primeiro se abrem nele umas como fendas, produzidas pelas infidelidades a Deus. Por elas entram no coração os maus afetos e as imagens menos santas da fantasia. O mal vai lavrando até às bases das virtudes mais sólidas, sobre as quais está sendo construído o edifício da nossa santificação, e, quando menos se pensa, está feito em ruínas!

Como seria bom se não fosse assim!

Mas o demônio é tão astuto e arma o laço com tanto disfarce, que vem inutilizar anos talvez de grandes sacrifícios e atos heróicos de virtude. Ele não usa de tentações graves, porque sabe que seriam logo repelidas; mas lança mão das leves, que, por isso mesmo não amedrontam... nem quase se dão a conhecer!

O Pe. João Colombo escreve: “Faz rir, ou, melhor, faz chorar, a ingenuidade dessas almas que propõem não mais ofender o Senhor, passarem uma santa quaresma, e não querem abandonar os seus hábitos e as ocasiões funestas, e não querem retirar-se no deserto. Dizem querer converter-se, e depois ainda se apegam a tudo aquilo que no mundo se acha de mais adequado para pervertê-las. Dizem não querer ofender a Deus, e no entanto dão-se à leitura de jornais, de revistas e de livros suspeitos, ímpios e imorais. Dizem não querer ofender a Deus, e metem-se em conversações em que o pudor e a caridade são ofendidos a todo momento”.

Não tenhas por coisas poucas as que se relacionam com a tua salvação e com a perda da tua inocência.

Os grandes males por si mesmos horrorizam e se detestam. Porém, os leves, quanto menos se conhecem, tanto menos impressionam, e, por isso, também, raramente se evitam.

As culpas graves, pelo horror que em nós causam, em breve se corrigem. Porém, as leves, são tanto mais difíceis de emenda, quanto mais insignificantes nos parecem.

Evita as coisas pequenas e não cairás nas grandes.

Não digas que o que é pouco, pouco mal pode fazer. Não! É de pequenas gotas d’água que umedecem as paredes e derrubam os edifícios mais consistentes.

É pelos buracos imperceptíveis do navio que entra a água que o afundará.

Os grandes incêndios, quantas vezes começam por uma pequena fagulha, que, a princípio, não se extinguiu! Por ela se vem a perder objetos de grande estimação, valor e até fortunas inteiras.

O mesmo pode acontecer conosco. Uma faísca de amor desordenado que não é apagada rapidamente, vem a prender no coração o fogo dos prazeres sensuais e a extinguir nele a graça de Deus, que é o objeto de mais fino valor que possuímos na terra.

Quem é fiel no pouco recebe de Deus ajuda para vencer os grandes perigos.

Deus não se deixa vencer em generosidade. Quando nós O procuramos servir ainda naquilo que Ele não exige de nós, sob pena de condenação eterna, Ele nos premiará esse pouco com generosidade, enriquecendo-nos com seus dons e fortalecendo-nos com novos auxílios para a hora das grandes lutas.

Nisto consiste o mal de não dar às coisas pequenas o valor que elas merecem. Por essas infidelidades privamo-nos dos auxílios especiais que Deus concede às almas generosas para superarem as grandes tentações.

O Pe. Alexandrino Monteiro escreve: “No dia da conta não nos perguntará Deus pelo muito que fizemos, mas pelo pouco que omitimos. Se achar que fomos fiéis no pouco, nos fará senhores do muito, mandando-nos entrar no seu reino: ‘Alegra-te, servo bom e fiel, porque em pouco foste fiel, eu te constituirei sobre o muito: entra no gozo do teu Senhor’ (Mt 25, 23)”.

O que teme a Deus anda empenhado em servi-Lo, mesmo em coisas mínimas.

Se queres ser grande na virtude, começa por ser fiel nas coisas mínimas; pois é nelas que se mostram as consciências delicadas e os servos verdadeiramente dedicados ao serviço do Senhor.

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 05 de julho de 2011

Bibliografia

Sagrada Escritura

Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de luz

Pe. Francisco Alves, Tesouro de exemplos

São Gabriel da Virgem Dolorosa, Cartas

São Bernardo de Claraval, Escritos

Pe. João Colombo, Pensamentos sobre os Evangelhos e sobre as festas do Senhor e dos Santos

Pe. João Batista Lehmann, Euntes... Praedicate!

São Jerônimo, Escritos

São Gregório Magno, Escritos

São João Maria Vianney, Escritos

Santo Afonso Maria de Ligório, Preparação para a morte

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